Problemas e estratégias da pesquisa interdisciplinar

PROBLEMAS E ESTRATÉGIAS DA PESQUISA INTERDISCIPLINAR


A interdisciplinaridade vem sendo objeto de discussão no campo da ciência atualmente. Apesar disso e de sua importância que ganha cada vez mais espaço em virtude das limitações disciplinares, nos deparamos com alguns problemas devidos, sobretudo aqueles que administram tais pesquisas. Isso por que de acordo com Vieira, Weber (2002) os pesquisadores muitas vezes visam a ambição de poder, e acesso aos recursos (financiamentos) e diante disso a interdisciplinaridade segundo o mesmo autor tornou-se um objeto de busca e fascinação, preso as armadilhas da estratégia e da tática institucional quando deve ser visto como uma complementaridade para solução dos mais diversos problemas e produção do conhecimento.


A busca da solução de problemas na maioria das vezes tem sido a única ou a maior motivação da pesquisa interdisciplinar. No entanto, acabamos esquecendo a produção do conhecimento que não precisa está ligada diretamente a ação, mas produção de conceitos que darão um maior embasamento para ações futuras. É dessa forma que os programas interdisciplinares deveriam agir, contribuindo para uma renovação e não apenas ver esse tipo de pesquisa como finalizada, como ocorre em vários programas.


Alguns problemas da interdisciplinaridade e de seus programas podem ser elencados. Podemos então mencionar a coordenação e organização de pesquisadores que pertencem a instituições diferentes, a comunicação entre os mesmos e a própria ciência, onde é preciso elaborar recursos científicos originais para uma maior e melhor aplicabilidade Diante disso, algumas estratégias são apontadas por Vieira, Weber (2002) como a escolha de um terreno comum, divisão de trabalho planejada, elaboração de referencial descritivo comum, interação organizada, integração que permita uma teoria unificada e por fim a gênese de uma nova disciplina. Tais colocações são fundamentais para a aplicabilidade da interdisciplinaridade, onde a integração e interação são preponderantes. Mas, infelizmente mesmo em programas interdisciplinares nos deparamos com uma instituição disciplinar, que se preocupa com sua percepção própria e seus interesses. É comum encontrar alunos, jovens pesquisadores com sua percepção de buscar e fazer algo novo, de ter uma maior interação e integração, mas o sistema acaba sufocando-os, levando a ser mais um reprodutor do que esta sendo imposto.


Diante de tantos entraves, busca-se então o ideal. Mas o que seria o “ideal”? Quando em muitos casos já chegamos com nossas percepções pré-definidas delimitadas em projetos, sem se quer tentar a permissividade, e em meio a tudo isso é mais fácil procurar culpados, que seria a instituição, o professor orientador… É preciso então apesar das dificuldades, buscar fazer nossa parte, como por exemplo, buscando pesquisadores de acordo com a linha de pesquisa definida para então se discutir a percepção individual integrando-a com a coletiva e através de uma base de dados do fenômeno redefinir a percepção, que ao longo desse processo sofrerá mudanças que possibilitarão melhorias. É necessário então trabalhar percepção para em seguida se fazer o recorte do espaço e temporal e a escolha da base teórica conceitual metodológica, embora muitas vezes o contrário acaba sendo feito por estarmos acomodados com o que nos é imposto.


O planeta passa por uma série crise ambiental, e diante de tantas problemáticas, o meio ambiente é um campo de pesquisa cientifico. Mas é preciso observar e levar em consideração o social e não apenas o científico e meio natural, sobretudo porque os problemas ambientais envolvem vários processos, tanto de ordem natural, como social.


A complexidade ambiental surge a partir de seu próprio conceito, sendo necessário uma definição mais precisa, que considere não apenas os fatores naturais, mas sociais. Nesse contexto surgem perspectivas para a pesquisa no campo ambiental, para viabilidade da executabilidade de um projeto de pesquisa ambiental. Este por si só é bastante complexo, onde encontramos vários tipos de complexidade, como; aleatória, lógica e metodológica. Surge então à preocupação de formular um programa científico com um foco ambiental coerente e para isso é preciso que após a delimitação do campo de pesquisa, se estabeleça as problemáticas e metodologias que serão abordadas, implicações da pesquisa sobre as identidades das disciplinas, considerarem estratégias e prioridades e suas modalidades de ação (VIEIRA, WEBER. 2002)


Apesar dos problemas teóricos, metodológicos e tecnológicos, para a viabilidade de um projeto é preciso trabalhar com a subjetividade e com as percepções dos vários atores sociais. Apesar disso, temos nos deparado com uma incoerência, tendo em vista que muitas vezes os projetos são desenvolvidos sem levar em consideração tal questão, mantendo uma visão disciplinar, quando é imprescindível as múltiplas formas de percepções para se construir algo mais consistente e que condiz com uma realidade que traga retornos.


Um projeto deve surgir a partir de indagações, questionamentos que por sua própria complexidade exige a participação de várias disciplinas e interação das mesmas. Ao se delimitar um fenômeno é preciso então buscar reforço em outras áreas do conhecimento, sempre considerando três variáveis importantes: sociedade, econômico e tecnológico, sobretudo devido às muitas mudanças pelas quais passam, assim também como levar em consideração as diferentes percepções, e não ficar limitado a uma percepção individual.


 


Referências:

VIEIRA, Paulo Freire. WEBER, J.cques, Gestão de Recursos Naturais Renováveis e Desenvolvimento: Novos desafios para a pesquisa ambiental. São Paulo: Cortez, 2002


Informações Sobre os Autores

Janierk Pereira de Freitas

Geógrafa, Mestranda em Recursos Naturais pela Universidade Federal de Campina Grande / Campina Grande-PB.

Cristiane Aureliano de Souza

Licenciada em Geografia pela Universidade Estadual da Paraíba.

José Adailton Lima Silva

Licenciado em Geografia, Mestrando em Recursos Naturais pela Universidade Federal de Campina Grande / Campina Grande-PB

Catyelle Maria de Arruda Ferreira

Assistente Social, Licenciada em Ciências Sociais, Mestranda em Recursos Naturais pela Universidade Federal de Campina Grande / Campina Grande.

Monalisa Cristina Silva Medeiros

Licenciada em Geografia, Mestranda em Recursos Naturais pela Universidade Federal de Campina Grande / Campina Grande-PB


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